Imagine uma rede social que rapidamente cresceu e hoje conta com 1,7 biliões de utilizadores ao redor do mundo, 800 milhões de utilizadores ativos por mês e que em Portugal já conta com 1,8 milhões de utilizadores.
O digital está sempre em constante mudança. Todos os dias surgem novas plataformas cheias de novas ferramentas e técnicas inovadoras para a partilha de conteúdo. Este foi o caso desta rede social, que num curto espaço de tempo se tornou a rede social preferida entre as camadas mais jovens e que vem conquistando, por acréscimo, as outras camadas mais reticentes a mudanças.
Como surgiu?
A versão popular do TikTok apenas apareceu em 2017, na sequência de uma fusão. Até essa altura, chamava-se Douyin e tornou-se uma das aplicações mais famosas da China. A empresa que a desenvolveu, a ByteDance, apercebendo-se do grande potencial que a aplicação poderia ter, decidiu aperfeiçoá-la para que esta pudesse competir com as demais existentes.
Desta forma, em 2017, a empresa comprou o Musical.ly, que detinha características parecidas com o Douyin e se estava a tornar viral entre os jovens. Pondo em prática algumas ideias inovadoras, aperfeiçoou e tornou mais completa a aplicação, permitindo a interação entre utilizadores. Ou seja, o TikTok passou a ser uma rede social.
O que é?
Trata-se de uma plataforma de vídeos curtos, focada no entretenimento e criatividade. Estes podem variar entre 15 e 60 segundos e o utilizador pode adicionar diversos efeitos, filtros, ajustes de velocidade, montagens e muito mais. O teor dos vídeos depende da vontade do utilizador, podendo estes ser dobragens, danças, desafios, “como fazer”, humor, duetos com vídeos de outras pessoas, entre outros. Além disto e à semelhança das outras plataformas já existentes, as funcionalidades de seguir alguém, gostar, comentar e partilhar um conteúdo, também são possíveis.
O TikTok para as marcas
Já começam a ser algumas as marcas que estão a investir nesta plataforma.
Alguns desses exemplos são (dados a 9 de julho de 2020)::
- A Organização Mundial de Saúde (@who), que tem 2,5M de seguidores e 8,6M de gostos;
- O clube de futebol Benfica (@slbenfica), que já conta com 73K de seguidores e 327,6K de gostos;
- A estação de rádio MegaHits (@megahitstiktok), com 26K de seguidores e 131,1K de gostos;
- A estação de televisão TVI (@tvioficial), com 110,5K de seguidores e 580,8K de gostos;
- A Samsung (@samsung), com 798,2K de seguidores e 4,8M de gostos;
- A Decathlon Setúbal (@decathlonsetubal), com 29,7K de seguidores e 163,1K de gostos.
Mas porque é que esta rede social deve merecer a atenção das marcas/empresas?
Números impressionantes
Trata-se de uma aplicação sensação, que já conta com 1,7 biliões de utilizadores e a única app no top 5 que não pertence ao Facebook. A plataforma já bateu o recorde de mil milhões de downloads na Play Store e segundo o blog Sensor Tower, a mesma gerou 113 milhões de downloads apenas em fevereiro. Durante os meses de janeiro e fevereiro foi a app não jogo que foi mais baixada, conseguindo passar o Whatsapp, que seria o top 1 de downloads em 2019. A ter em conta, que este número ainda será maior, uma vez que estas estatísticas são feitas com base em downloads da Google Play Store e App Store, ao que devemos somar os valores da China, uma vez que a Play Store se encontra bloqueada lá e a app é denominada de Douyin.
Durante estes tempos de pandemia cresceu 36%, sendo que 500 mil utilizadores são de Portugal.
Para além destes valores, o crescimento continua a ser uma opção em vários países e o público-alvo tem sido alargado, envolvendo gerações de faixas etárias superiores.
Algoritmo do Facebook v.s. TikTok
É do conhecimento geral que o Facebook filtra muito dos conteúdos postados na rede e fá-lo, cada vez mais, de uma forma um pouco imprevisível.
Existem 3 parâmetros para o Facebook dar mais ou menos destaque aos conteúdos, sendo eles: a afinidade, o peso e o tempo.
A afinidade diz respeito à relação entre uma página e o utilizador. Se este interage com a página, o algoritmo interpreta essas ações como um sinal de aumento de afinidade, e mostrará com mais frequência as publicações dessa página no mural do utilizador, que por consequência, ganharão cada vez mais peso.
Cada publicação e interação tem um peso diferente perante o algoritmo, sendo que estes pesos estão sempre a ser mudados para garantir a imprevisibilidade, e uma experiência agradável e que valha a pena o tempo passado na plataforma. Os conteúdos, por si só, também têm diferentes pesos. Segundo um comunicado feito em 2019, a própria plataforma decidiu dar mais peso aos vídeos, por exemplo. Assim sendo, o truque será utilizar vários tipos de conteúdos no mesmo post (ex: foto+link).
O algoritmo do Facebook também seleciona os conteúdos através do tempo em que as publicações foram feitas. Os posts mais recentes sobrepõem-se aos mais antigos, o que resulta num desaparecimento destes do mural.
Tendo em conta este último ponto, muitos defendem a partilha frequente de conteúdos.
Por outro lado, o algoritmo do TikTok é mais simples, por enquanto. Estudos apontam que este se baseia no tempo de visualização dos vídeos. No TikTok existem dois tipos de vídeos: os de 15 segundos e os de 60 segundos. O que acontece nesta plataforma é que quanto mais tempo um vídeo é visualizado, melhor é considerado pela plataforma, logo esta mostra-o a mais pessoas, através das suas páginas “for you”.
Focando-nos, por exemplo, nos vídeos de 15 seg, imaginemos 3 marcas: a marca dos 3 segundos, dos 5 segundos e dos 15 segundos. Quando um vídeo passa uma destas marcas, o algoritmo apercebe-se que é bom, pois está a fazer com que as pessoas fiquem mais tempo na plataforma e é interessante, uma vez que as pessoas estão a vê-lo durante aquele tempo sem avançarem.
Isto faz com que a plataforma expanda o alcance do vídeo à medida em que este passa uma “marca”, mostrando-o a mais pessoas.
Para que alguém possa “prender” os tempos de visualização das pessoas, aumentar o seu alcance e ser bem sucedido no TikTok, deve:
- Certificar-se de que os seus vídeos têm início, meio e fim;
- Partir os seus conteúdos em partes ou séries, pois ajudam muito a manter um fluxo de interação;
- Apelar às pessoas para que estas interajam, gostando ou comentando os conteúdos, para assim assim converterem visualizadores em fãs;
- Criar conteúdos baseados em hashtags e músicas ou sons trendy também pode ajudar no desempenho dos conteúdos.
Outro facto ainda muito curioso é que o TikTok começa a fazer os testes de desempenho dos conteúdos com público da mesma localização geográfica, podendo expandir ou não consoante os resultados e a performance dos mesmos.
O público é bem segmentado
O público maioritário desta plataforma, encontra-se entre os 16 e os 24 anos de idade (adolescentes), segundo a GlobalWebIndex. Se este é o seu público-alvo, a conta da sua marca já devia estar criada ontem! Apesar disto, existem cada vez mais pessoas de faixas etárias superiores a aderir à febre do TikTok.
Ainda que estas informações possam continuar a criar descrença, por parte de certas marcas, uma vez que o seu público-alvo possa ser de uma faixa etária diferente e estes não detêm, muitas vezes, o poder de compra, porém é importante salientar que estes jovens podem ser influenciadores do resto do seu agregado familiar, influenciando-os no processo de decisão e compra.
Grande propensão a conteúdos virais
Trata-se de uma plataforma com uma grande quantidade de utilizadores, que interagem uns com os outros de uma forma muito instantânea, o que potencia a viralização de conteúdos de uma forma muito rápida e eficaz.
Desta forma, um conteúdo que seja engraçado, diferente e original, pode realmente incendiar e tornar-se viral em poucos momentos.
Bom para explorar influencer marketing
Além da possibilidade de colocar anúncios diretamente na plataforma, outra ferramenta muito poderosa à disposição das marcas, é o marketing de influência. Assim, em parceria com influenciadores e/ou criadores de conteúdo, tem a possibilidade de posicionar e direcionar o seu produto para uma grande quantidade de pessoas (consumidores ou membros influenciadores destes), fazendo uso desta plataforma de consumo de conteúdo, que facilmente consegue captar a atenção dos consumidores e que ainda é muito novidade, logo tem uma menor presença de concorrentes.
Existem vários personalidades famosas, youtubers e influenciadores portugueses no TikTok, como por exemplo (dados a 9 de julho de 2020):
- Rita Pereira (@hyndia), com 348,4K seguidores e 2M gostos;
- Sara Sampaio (@realsarasampaio), com 307,7K seguidores e 881,5K gostos;
- Rui Unas (@o_unas), com 284,2K seguidores e 1,2M gostos;
- Ana Garcia Martins (@apipocamaisdoce), com 42,3K seguidores e 35,3K gostos;
- Wuant (@owuant), com 157,3K seguidores e 484,1K gostos;
- A Raquel e o Miguel (@explorerssaurus), com 529,4K seguidores e 8,1M gostos.
Fácil de usar
Apesar de ser rica em termos de ferramentas e recursos, é uma aplicação muito fácil de usar e de interagir, semelhante a outras já existentes.
Qualquer pessoa, ainda que não perceba de edição de vídeo e sem muita criatividade, poderá fazer TikToks e rapidamente se tornar um verdadeiro TikToker de sucesso!
Curiosidade: A Fenty Beauty (marca de maquilhagem da cantora Rihanna) foi a primeira marca na plataforma a criar a sua própria “casa” de criadores no TikTok, recrutando alguns dos maiores nomes da área da beleza no TikTok para fazerem parte da sua #FENTYBEAUTYHOUSE
A realidade é que esta nova plataforma, ou febre, como muitos lhe chamam, pode realmente ser uma mais valia para as empresas, uma vez que abre caminho para um outro tipo de comunicação, que se realiza de um forma mais próxima do consumidor, através de um outro tipo de conteúdo, um pouco mais criativo. Esta acaba por facilitar o consumo, tornando-o mais rápido e apelativo, especialmente no que diz respeito aos mais novos.