Já todos sabemos que não podemos sair de casa (pelo menos a grande maioria de nós). Mas esse não é o único desafio que nós, formadores e docentes (e alunos) estamos a enfrentar neste momento.
Para quem nunca teve de ensinar online, a transição exige muitas horas de trabalho e de paciência. Não estamos a falar de um webinar ou live de 30 minutos ou 1 hora. Estamos a falar de blocos de 3 ou 4 horas a falar e a tentar agarrar a atenção dos alunos. Tentar replicar o modelo de ensino presencial no online não vai funcionar. É preciso dedicarmos tempo a aprender as tecnologias e a identificar as melhores práticas de ensino para cada uma das nossas disciplinas.
E é o que eu tenho feito nas últimas semanas. Por isso, decidi reunir algumas dicas e recursos que me têm ajudado nesta transição.
Dicas para ensinar online
Ajustem os objetivos da aula
Segundo a Microsoft, ao longo dos últimos 18 anos, o tempo médio de atenção de um humano diminuiu de 12 para 8 segundos – o que é inferior ao de um peixe dourado!
Ninguém vai querer (ou mesmo conseguir) ouvir-nos a falar ou olhar para slides sem rosto horas a fio.
É importante identificarmos coisas específicas que queremos que os alunos aprendam e exponham, no máximo durante 30 minutos. Depois, sugiram material de leitura, vídeos ou podcasts que complementem o tema da aula.
Vão além dos vídeos em directo
Não usem as videoconferências como a única faceta do vosso curso. Não vão conseguir garantir a qualidade da transmissão, principalmente porque algumas plataformas de videoconferência, como o Zoom, podem estar sobrecarregadas e a travar.
Peçam feedback aos alunos
É muito importante percebermos o que é que motiva os nossos alunos. Perguntem aos alunos o que é que eles estão à espera destas aulas online e como é que podem melhorar as vossas aulas e processo de ensino.
Verifiquem com frequência os alunos
Se não conseguem ver a cara dos alunos, vai ser impossível perceber se eles estão ou não a perceber a matéria. Considerem complementar as aulas com elementos interativos como mini testes.
Além disso, os alunos podem estar a sentir falta da interação social que tinham no seu dia a dia com os colegas, por isso promovam debates ou outras formas de eles poderem conversar entre eles durante a sessão ao vivo.
Identifiquem e apoiem os alunos com mais dificuldades
Se presencialmente há alunos com mais dificuldade de aprendizagem do que outros, com esta mudança de paradigma esses alunos podem sentir ainda mais dificuldades.
Para identificarem esses alunos, façam avaliações com mais frequência e pontos de situação por videoconferência ou email com os alunos que estão a ter mais dificuldades.
Abram a sala de aula a convidados
Mais do que nunca, estamos todos à distância de um clique. Aproveitem para convidar outros professores ou profissionais da área para abordarem determinado tema com os vossos alunos.
Por exemplo, em março, convidei a Daniela Gonçalves para partilhar a sua experiência a trabalhar remotamente com os meus alunos de Comunicação Digital no ISCIA, e em maio a Joana Rita Sousa para falar de Twitter.
Guias para adaptar o ensino presencial ao online
Partilho aqui os recursos que mais me têm ajudado nesta transição:
- Lista abrangente de recursos para o ensino online durante o COVID19, curada por Jacque Wernimont.
- Amanda Weed e Karen Freberg criaram uma lista incrivelmente útil e crescente de recursos, incluindo software grátis, livros digitais, guias de ensino e muito mais.
- A Google disponibilizou alguns recursos de ensino a distância do Google for Education e cursos com dicas para ensinar à distância com as ferramentas deles.
- Karen Freberg preparou um guia para ajudar os seus alunos a prepararem as suas apresentações via Zoom, com ótimas dicas e conselhos úteis também para nós.
- Steve Klee & Anne Ho dão ótimas dicas sobre como ensinar online com o Zoom.
- Alyssa Kariofyllis, C.C. Chapman, Tim Best falam-nos de como nos podemos adaptar rapidamente ao ensino online.
- A Harvard Business School partilhou também uma série de recursos e webinares para ensinar online.
Ferramentas para dinamizar as aulas online
- Videostreaming – o Zoom é a ferramenta que mais tem sido falada, mas existem outras alternativas como o LifeSize e o Microsoft Teams.
- Gravar o ecrã:
- Conteúdo longo: o Loom disponibilizou a versão Pro aos professores e alunos gratuitamente. Estou a gostar imenso desta ferramenta porque:
- Os vídeos são gravados automaticamente no servidor, o que facilita a partilha dos mesmos através de um URL.
- Permite fazer o download dos vídeos para serem publicados onde quisermos.
- Os utilizadores podem publicar comentários nos vídeos;
- Os vídeos podem ser editados no browser;
- Podemos instalar no computador ou usar uma extensão de Chrome.
- Conteúdo longo: o Loom disponibilizou a versão Pro aos professores e alunos gratuitamente. Estou a gostar imenso desta ferramenta porque:
- Jogos interativos – O Kahoot! permite criar quizzes e jogos interativos, seja para fazer com os alunos durante a aula ou para os alunos fazerem no seu próprio tempo. A ferramenta disponibilizou a sua versão Premium gratuitamente aos professores e alunos durante esta fase.
São diversas as empresas que estão a oferecer gratuitamente o acesso, de curto prazo, às suas ferramentas, plataformas e recursos educativos para ajudar estudantes e professores a lidar com a necessidade repentina de fazer tudo online durante esta fase. Podem ver aqui uma lista completa e atualizada diariamente.
Recursos para comunicar com os alunos
- Debates via chats em grupo – Embora o email seja uma ótima ferramenta para manter contato com os alunos, as aplicações de chat dão-nos a possibilidade de debater de forma instantânea em grupo. Existem diversas ferramentas para o fazer, como o Skype ou Slack. Spencer Ross partilhou um estudo sobre a utilização do Slack na sala de aula.
- Debates no Twitter (Twitter Chats) – Staci Baird escreveu um excelente artigo sobre como mover os debates da sala de aula para o Twitter.
- Apoio virtual e orientação aos alunos – Para quem tem de dar apoio aos alunos extra aulas ou está a orientar alunos em estágio, é provável que o tenha agora também de fazer virtualmente. Uma forma de simplificar a marcação destas horas, é utilizar uma ferramenta de marcação de reuniões que possa ser integrada com o calendário do Google, Outlook ou outro. Eu costumo usar o Calendly. Esta ferramenta permite-me partilhar um link com os meus alunos, para eles selecionarem um horário, de entre os disponíveis.
Resumo do artigo
Estou super contente e inspirada pela rapidez com que as pessoas se reuniram durante este período de crise para partilhar recursos, pedir ajuda e apoiar-se mutuamente.
Os próximos meses vão ser um grande desafio para todos nós. Mais do que nunca, todos queremos encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal e trabalho. E não nos podemos esquecer que o mesmo se aplica aos nossos alunos.
– Ajustem os objetivos da aula;
– Vão além dos vídeos em directo;
– Peçam feedback aos alunos;
– Verifiquem com frequência os alunos;
– Identifiquem e apoiem os alunos com mais dificuldades;
– Abram a sala de aula a convidados.
– Videostreaming (Zoom, LifeSize e o Microsoft Teams).
– Gravar o ecrã (Loom para conteúdo longo e RecordIt para conteúdo até 10 segundos).
– Jogos interativos (Kahoot!).
– Videostreaming (Zoom, LifeSize e o Microsoft Teams).
– Chats em grupo (Skype e Slack).
– Debates (Twitter e fóruns).
– Marcação de reuniões (Calendly e Google Calendar).